Brasileiros – Nessa Mostra de Tiradentes tivemos mesas com a participação de até cinco diretores pernambucanos. De onde vem essa nova força do cinema de Pernambuco?
Irandhir Santos - De uns 10 ou 15 anos para cá, vem chegando uma turma com muita força para fazer essa arte. É o que percebo em conversas com diretores com os quais trabalhei, como Cláudio Assis. Sempre lembramos da dificuldade que era fazer cinema tempos atrás. Fazíamos na gana e na vontade.
Brasileiros – Que outros nomes você destaca dessa nova safra?
I.S. - Participei de projetos em Recife com diretores que são dessa geração mais recente, como Daniel Bandeira, Leonardo Lacca, que não tem tanto acesso a patrocínio, mas que tem, assim como o Cláudio Assis teve no início, essa força de vontade de fazer. O que eu posso entender disso é que o cinema pernambucano se voltou às suas raízes.
Brasileiros – Esse ‘regresso à raiz’ está especialmente na direção?
I.S. - Está na maneira de dirigir, de escrever uma história, de tal forma que você se torna proprietário dela. Isso confere uma força tão grande que permite o diálogo com qualquer parte do Brasil e do mundo. É como se esses diretores atuais da cena pernambucana olhassem para sua terra e decidissem contar histórias de suas próprias vidas.
Brasileiros – Isso torna os filmes mais verossímeis?
I.S. - Isso os coloca (os diretores) bem próximos daquilo que estão contando, de uma maneira tão profunda que as histórias se tornam comunicáveis em qualquer parte do mundo. Aí está o diferencial, nesse sentido. Acredito no cinema autoral, Pernambuco tem, de fato, um cinema autoral.
Brasileiros – Qual a diferença essencial entre o cinema autoral e o de mercado?
I.S. - A diferença está na generosidade, no ajudar de um com o outro. Quem faz cinema em Pernambuco conhece quem faz cinema e há essa colaboração mútua nas produções, na própria escrita do roteiro, na maneira de fazer. Pensar no cinema pernambucano é pensar em grupo. É claro que existem diferenças em cada mente ali, mas é um grupo.
CARTA CAPITAL
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