Entrevista com Nilton Senhorinho

Um dos melhores blogueiros de Belo Jardim Nilton Senhorinho foi entrevistado pelo ingênuo blogueiro Raphael do blog Na Mira da Verdade, na qual tenho o maior prazer de transcreve-lá na íntegra:

 

1-Olá Nilton, você está filiado a algum partido político? E porque escolheu este?

R= Estive filiado ao PMDB desde 1999, sendo membro do diretório municipal até a última formação. Pedi desfiliação a poucos dias. Escolhi este por sempre ter sido simpatizante do PMDB desde criança, quando meu pai se filiou ao mesmo partido ainda nos anos 1980. Nos próximos dias estarei me filiando a um grande partido  brasileiro.

2-Hoje você encontra-se em qual situação política em Belo Jardim? Por que? E no estado? Porque? E a nível nacional?

R= Desde março de 2009 estou na oposição ao governo municipal por não concordar com a falta de compromisso da turma do prefeito com a população, com os mais de vinte mil eleitores que o escolheram, com os milhares de simpatizantes do grupo que foram às ruas batalhar na campanha e pelas centenas de militantes tradicionais que me procuravam para reclamar do descaso com o qual estavam sendo tratados na prefeitura ao procurar apoio para algo. Decidi por ficar ao lado das pessoas que sempre nos abriram as portas e nos receberam em todas as campanhas das quais participei. Note que ainda hoje há muitos do antigo grupo que optaram por permanecer sob a sombra do poder. Diga-me você se, nesse racha que houve no grupo Mendonça, Mendonça Filho não tivesse um único cargo a oferecer, quantas pessoas estariam ainda ao lado dele? É muito fácil permanecer no poder. Mas, optei por ficar ao lado dos amigos que sempre carregaram esse grupo nas costas em cada uma das campanhas.

Em relação às políticas estadual e nacional, apoio os dois governos – Eduardo e Dilma – pois vejo ambos como governos populares e que se preocupam mais com as pessoas. O que assistimos antes foi uma preocupação apenas com o crescimento econômico em detrimento das pessoas. O reflexo dessa postura está exatamente na aprovação dos governos pelo povo que, queiram ou não queiram os opositores, é que decide que tipo de governo deseja.

3-Você tem vontade de disputar uma vaga à câmara de vereadores de Belo Jardim?

R= Já pensei e repensei muitas vezes tal possibilidade. Minha, postura, hoje, é de não disputar. Entretanto, não descarto uma candidatura. Só acredito que não se pode brincar de ser candidato. Quem quer disputar uma cadeira no legislativo deve preparar uma boa estrutura de campanha, para começa. O mais importante, em relação à minha pessoa, é que eu não seria candidato a vereador apenas por vontade própria, ou eu estaria sendo candidato de mim mesmo. Uma boa candidatura deve nascer de um conjunto de fatores e deve representar um projeto que vá muito além da vaidade pessoal. Tão importante quanto ser candidato é apoiar um candidato ou candidata que tenha compromisso, propostas e projetos.

 

4-Na sua opinião quem do atual quadro de vereadores consegue reeleição?

R= Essa é uma conta que não pode ser feita com tanta simplicidade como se faz por aí. Em primeiro lugar, eu acredito que poderá haver muitas surpresas. Há vereadores que se pensa que serão reeleitos tranquilamente, mas deverão ficar pelo meio do caminho. Enxergo uma grande dificuldade para os candidatos que apoiarem o governo municipal. Vejo um céu mais azul para a oposição nesse campo. Assim, a bancada de oposição deve sair em larga vantagem no preenchimento das cadeiras legislativas.

 

5-Como você vê a zona rural de Belo Jardim? Que é “apadrinhada” por alguns dos atuais vereadores.

R= A zona rural está abandonada em todos os aspectos. No auge da seca de 1999/2000 percorri toda a zona rural de Belo Jardim e nem àquela época a situação era tão calamitosa quanto hoje. Para os que não andam pela zona rural, deixo o recado: vejam a cidade como está abandonada e imaginem lugares que já necessitam de atenção especial por ficarem distantes de tudo, como estão. Aqui podemos dizer que estamos no céu. Só quem mora ou precisa se deslocar para a zona rural do nosso município sabem o caos e o abandono ao qual foram submetidos desde que essa administração assumiu (me recuso a usar o termo COMEÇOU por que, como dizem os aliados do prefeito, ele ainda vai começar a trabalhar). Quanto ao apadrinhamento citado, vejo os vereadores da oposição sem condições de substituir o governo nas ações que a ele caberiam; já no governo, vejo apenas o vereador Claudemir fazendo um esforço sobre-humano em Xucuru para realizar um trabalho sem apoio da prefeitura.

 

6-A atitude de João Mendonça. Sair do grupo de Mendonça Filho! Na sua opinião quem saiu perdendo?

R= Em primeiro lugar, quero lembrar que LIDERANÇA NÃO SE HERDA, se conquista. Um grupo geralmente tem líder, nunca um dono. João Mendonça foi hostilizado pelos assessores do prefeito e da sua companheira, a secretária de Ação Social, desde os primeiros dias de governo, com faixas que classificavam o governo de João como IMORAL, com um blog que batia diariamente em João Mendonça, com a proibição de se falar em João e Izabelle, com jornal de secretaria dizendo que a ex-primeira-dama era ausente, com as pessoas mais ligadas a João sendo enxotadas do grupo. Onde se esconderam, naqueles dias, os cabeças do Grupo Mendonça que não agiram para acabar com tais hostilidades? É assim que se trata um aliado? Então, não queira saber como tratam os adversários.

Por último, queriam calar João Mendonça, impedindo-o de falar em candidatura, enquanto todo mundo falava e fazia campanha. Chegou-se ao ponto de exigir que ele parasse de vir à Belo Jardim para que o povo não falasse que ele seria candidato.

Num cenário desses, não há outro caminho para uma pessoa que tenha dignidade a não ser buscar seu próprio caminho.

João Mendonça foi, na verdade, abandonado pelos autodenominados DONOS do grupo. Ele que foi, desde 1990, a presença e a certeza de boas votações para o grupo em Belo Jardim, que nunca mediu esforços para dar boas votações a eles aqui, que nunca deu as costas a eles, foi entregue à própria sorte.

Quem perdeu? Não preciso responder essa pergunta. A voz das ruas está respondendo.

 

7-Você em 2008, esteve na coordenação de campanha de Marco Coca Cola, qual motivo te fez sair do grupo?

R= Raphael, estive na coordenação da campanha na função de administrador financeiro. Cumpri fielmente minha função e, como muita ética, ajudei na eleição do candidato. Eu tinha esse compromisso com o grupo ao qual eu pertencia e cumpri. Ponto. Não devo nada a ninguém em relação ao caso. Já nos meses anteriores às eleições, um grande número de partidários não simpatizava com a candidatura de Valdeci Torres – eu entre eles – e tentamos alavancar uma chapa com os nomes de Zé Ivan e Wilsinho (que nunca foi aceita pela liderança, contando apenas com o aval de JM). Quando Valdeci queimou a própria candidatura, ao invés de optar pela chapa que todos queriam, foi imposto o nome de Marcos e tivemos que aceitar. E fomos às ruas. Lembrem que Zé Ivan só entrou na chapa após a desistência de Luza. Ou seja: para os cabeças eles nunca foi primeira opção.

O que me fez sair do grupo? Foi o fato de o grupo ter optado por ficar com a prefeitura em detrimento do povo; foi o fato de ver companheiros que sempre batalharam para manter esses homens no poder sendo humilhados e não tendo a quem recorrer porque todos se acovardaram diante do poder do cofre municipal; foi o fato de ver amigos como você mesmo, serem demitidos sem um simples comunicado, andando cabisbaixos pelas ruas, envergonhados diante dos adversários. Alguém precisava soltar o verbo.

Hoje, mantendo a linha de fazer pouco caso das pessoas, a administração vem contratando muitos dos que foram demitidos nos últimos 2 anos, para demiti-los logo após as eleições do próximo ano. Não sabem eles que estão ficando com os empregados, mas não com os votos. Terão resposta à altura.

8-Em 2010, você votou com Marina Silva, que era e é contra o governo atual, isto é, você também não estava aprovando a gestão Lula, então por que, no segundo turno você decidiu votar com Dilma?

R= Votar em Marina significou que eu concordava com suas propostas, não que eu era contra o governo Lula. Votei em Lula em 1994, 2002 e 2006. Minha família já votava nele em 1989. Aprovava, sim, o seu governo. Apenas vi em Marina, àquela ocasião, a representação de algo novo, que poderia ser implementado a mais dentro do que já existe. De concreto, mesmo, eu não votaria em Serra. Serra representava a volta das políticas neoliberais, com mais atenção ao capital e menos ao social. Assim, Serra nunca foi opção para mim.

 

9-Voltando pra Belo Jardim... João Mendonça, Moacyr Cintra e o G6, tem condições de vencer as eleições municipais de 2012 e manter a maioria na câmara de vereadores?

R= Não tenho a menor dúvida disso. O único fato novo na política belo-jardinense e que pode mudar os rumos das coisas por aqui, é uma aliança que até pouco era inesperada e que pode aglutinar idéias para traçar novos rumos para nossa cidade. Não só acredito que vencerão as eleições, como farão a maioria folgada na câmara.

 

10-Na administração atual você vê alguns destaques? Quais são?

R= Todos os destaques, hoje, são negativos. As notícias que temos nos deixam a impressão de que este governo já terminou antes do fim. Logo logo começará a debandada. Espere para ver.

 

11-Fale um pouco sobre nossos blogs, o do Josué que tem o Blog Paredão do Povo, o do nosso amigo Diego Phelipe que tem o Blog Portal do Bitury, do nosso amigo Wagner Rafaell com o BJ Na Net, o de Adilza com os Alfinetes e Bombons, entre outros, e sobre este também.

R= Acho muito bom que os blogs existam e que assuntos políticos sejam discutidos além das paredes dos escritórios recifences.

Para mim, cada blogueiro contribui como pode e é capaz. A liberdade de expressão é um dos maiores bens que o ser humano pode almejar e deve lutar com unhas e dentes para mantê-lo. Não leio a todos, mas se todos têm leitores é por que têm a sua importância.

 

12-Considerações finais.

R= Só tenho a agradecer pelo espaço concedido e desejar sucesso em sua trajetória.