Na manhã do último domingo, quando as câmeras do Big Brother Brasil 12 acompanhavam a ação entre os participantes Daniel e Monique debaixo de um edredon, o diretor do reality show José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, foi alertado sobre a suspeita de que não se tratava de uma cena tórrida como tantas outras já vistas no programa. Já surgiam as primeiras reações indignadas no Twitter. Boninho, contudo, ordenou que não interrompessem as carícias de Daniel em uma Monique que, depois de uma noite de bebedeira, parecia estar desacordada. "Vamos ver o que acontece", disse ele. A informação é da edição de VEJA que chega às bancas neste sábado, em reportagem de capa assinada pelos jornalistas Alessandra Medina e Marcelo Marthe.
A escolha de Boninho se mostrou desastrosa. A hipótese de que Daniel houvesse feito sexo com uma Monique inconsciente - o que seria estupro - chocou o público e despertou indignação nas redes sociais. A pedido de VEJA, o instituto de pesquisas Retrato ouviu 600 pessoas com mais de 18 anos em seis capitais, e 81% consideraram que o episódio cruzou uma fronteira inaceitável.
Foi a mesma reação dos anunciantes. A suspeita de violência sexual estremeceu as relações entre a emissora e os patrocinadores do BBB, pondo em risco o faturamento de 400 milhões de reais previsto para a 12ª edição do programa. "A situação ficou desconfortável", disse à reportagem um publicitário responsável por vários clientes do BBB. Até a última sexta, nenhuma empresa havia cancelado o contrato publicitário com a Globo, graças à decisão da emissora em tirar Daniel do programa. "Se eles não tivessem expulsado o Daniel, as coisas ficariam difíceis. Ninguém quer associar sua marca a um programa em que pode ter ocorrido um estupro", diz o publicitário.
A movimentação na internet por causa do episódio foi medida pela consultoria Labpop Content a pedido de VEJA. De acordo com pesquisa realizada na última segunda-feira, quando foi anunciada a expulsão de Daniel, as menções à TV Globo no Twitter saltaram da média diária de 65 000 para mais de 100 000. A imensa maioria das mensagens era de caráter negativo. Além disso, a hashtag #Danielexpulso era uma das mais usadas no microblog. "A emissora se preocupou em dar satisfação a vários públicos – menos ao da internet, em que a polêmica nasceu", diz Mário Marques, diretor executivo da consultoria.
"No momento em que o Supremo Tribunal Federal julga a legitimidade da classificação indicativa, intromissão indevida do estado na programação da TV, o BBB oferece um exemplo cabal de que a própria sociedade, com a reação espontânea dos cidadãos, é capaz de identificar e punir o abuso sem a tutela do estado", conclui a reportagem. "A linha, afinal, existe - e isso fica claro sempre que ela é ultrapassada."
VEJA
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