HOSPITAL SANTA FÉ BELO JARDIM-PE

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

"Meu medo é que tudo só fique pronto no último minuto"

img.jpg
 
A VOZ DA FIFA
Valcke esclarece que seu papel é o de alertar o governo
As relações da Fifa com o governo brasileiro bateram no fundo há alguns meses, a tal ponto que a presidenta Dilma Rousseff reuniu-se com o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, em Bruxelas, para aparar arestas quanto à organização da Copa de 2014. Após o encontro, o Palácio do Planalto recebeu com estranheza críticas de Valcke às posições do Brasil. Depois ele veio a Brasília e participou de uma audiência na Câmara, também bastante acidentada. O confronto, porém, não interessa a ninguém. Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, Jérôme Valcke faz um aceno de paz e diz que vai torcer para a Seleção Brasileira vencer a Copa. O francês explica que foi mal interpretado quando afirmou que o Brasil não iria vencer a Fifa: “Eu disse isso num contexto. O Brasil não vai vencer a Fifa, nem a Fifa vai vencer o Brasil. Mas espero que o Brasil vença o time que chegar à final com ele.”
img1.jpg
"Ronaldo é uma ótima pessoa, um grande cara. E, como é um dos
jogadores brasileiros mais famosos, seria um ótimo promotor da Copa"
O secretário-geral da Fifa garante que “não há mais por que falar em choque entre a Fifa e o Brasil”. Afirma que “está tudo bem, tudo dará certo”. Em relação às cobranças sobre atrasos nas obras de infraestrutura, Jérôme Valcke esclarece que seu papel é alertar o governo para que não seja tarde demais. “Meu medo é que as coisas fiquem prontas no último minuto”, diz. Para ele, as obras dos estádios preocupam menos do que as de mobilidade urbana. “O problema é não termos as vias de acesso e o transporte para os torcedores.” Discreto, Valcke evita opinar sobre os embates entre o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Em relação à indicação de Ronaldo Fenômeno para comandar o Comitê Organizador Local da Copa, Valcke diz que ainda não foi comunicado. “Ronaldo é um grande cara, mas ainda não recebi nenhum pedido de nomeação.”
img2.jpg
"Há questões entre Ricardo Teixeira e Brasília. Ele é o chefe
do Comitê Organizador da Copa e trabalhamos com o Comitê"
 
Istoé -O sr. está preocupado com o atraso nas obras de infraestrutura para a Copa de 2014? 
JÉRÔME VALCKE -Há uma preocupação natural de que tudo esteja pronto a tempo. Certamente, temos um cronograma apertado. Meu papel é alertar as autoridades e todas as pessoas envolvidas nesses preparativos para que não seja tarde. Nunca disse que é tarde até que realmente seja, mas meu medo é que as coisas fiquem prontas no último minuto.
 
Istoé -Problemas como os da construção dos estádios de Natal e São Paulo já foram solucionados? 
JÉRÔME VALCKE -Os estádios não são nosso maior problema. As obras estão indo e tenho certeza que teremos bons estádios a tempo para os jogos. O problema é, mesmo com os estádios prontos, não termos as vias de acesso, o transporte para levar os torcedores.  
 
Istoé -Por isso o sr. cobrou das autoridades brasileiras que redobrem os esforços na construção não só dos estádios, mas de aeroportos, rodovias, melhoria das telecomunicações... 
JÉRÔME VALCKE -Sim. Isso faz parte do comprometimento da Fifa com o evento. Estou acompanhando a cada dia a evolução dessas obras, minha equipe em Brasília me mantém atualizado e todos os dias nos debruçamos sobre o tema para nos certificarmos de que tudo estará pronto a tempo. E acho que por enquanto há tempo suficiente. 
 
Istoé -Em poucas palavras, qual a maior preocupação da Fifa hoje?
JÉRÔME VALCKE -Não há uma preocupação, mas uma combinação de fatores como a capacidade do País de ampliar sua infraestrutura. Mas há um número imenso de variáveis e a preocupação maior é combiná-las para que tudo dê certo. 


Istoé -Para minimizar as limitações de infraestrutura, o governo considera decretar feriado nos dias de jogos. O sr. também sugeriu férias a estudantes e servidores públicos. É o suficiente?
JÉRÔME VALCKE -Há a intenção de decretar feriado nos dias de jogos e acho que o Brasil deve agradecer à Fifa por isso. Será ótimo para os brasileiros poder ficar em casa para assistir à Copa. É importante lembrar que hoje, em muitas cidades brasileiras, o trânsito já é um problema rotineiro. E, claro, tende a piorar, já que haverá milhares de turistas, tanto nacionais como estrangeiros, nas cidades-sede. É uma medida conveniente e necessária. 


Istoé -O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, vem demonstrando certa dificuldade para lidar com a presidenta Dilma e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. Qual sua opinião? É possível encontrar outro interlocutor?
JÉRÔME VALCKE -A mídia tem falado algumas coisas, mas não estou muito a par de problemas entre Ricardo Teixeira e Joseph Blatter. Por aqui não há muito o que dizer sobre a relação dos dois. Sabemos que há algumas questões entre Ricardo Texeira e Brasília. Ele é o chefe do Comitê Organizador da Copa e estamos trabalhando com o Comitê. Ricardo está sob investigação, mas não foi condenado. Então, temos que esperar como a Justiça vai lidar com isso. 


Istoé -Então não é hora de mudar de interlocutor? 
JÉRÔME VALCKE -A questão é que não fomos questionados sobre isso. O governo brasileiro não nos pediu para mudar Ricardo Teixeira como interlocutor. Nunca falamos com ele sobre esses temas. Além disso, ele também deve saber o que é melhor. Vamos esperar. 
 
Istoé -O que o sr. achou da escolha de Andrés Sanches como diretor de seleções e Ronaldo Fenômeno para chefiar o Comitê Organizador da Copa?
JÉRÔME VALCKE -Sobre Ronaldo, o que posso dizer é que não recebemos nenhum pedido ou carta sobre a nomeação dele. Eles devem pedir à Fifa sinal verde, se quiserem mudar o comando do Comitê. Não ouvi qualquer comentário de ninguém do Comitê Local sobre isso. Então é difícil para mim emitir uma opinião. Claro que Ronaldo poderia ser um embaixador da Fifa para a Copa. Não acho, entretanto, que Ronaldo assumiria a presidência do Comitê, que é de Ricardo Teixeira. Como disse, a nomeação tem de ser aprovada pela Fifa. 


Istoé -Mas haveria alguma objeção sobre a nomeação de Ronaldo para essa posição?
JÉRÔME VALCKE -Ronaldo é uma ótima pessoa, um grande cara. É muito querido em todo o mundo e especialmente no Rio de Janeiro. E, como é um dos jogadores brasileiros mais famosos de todos os tempos, seria um ótimo promotor da Copa. 


Istoé -A Fifa sempre teve uma ótima relação com o presidente Lula e outros políticos que amam futebol. O que mudou com a presidenta Dilma?
JÉRÔME VALCKE -É uma questão interessante. A relação que tivemos com o presidente Lula foi a de encontros durante o período de promoção do Brasil como sede da Copa 2014. Depois, Lula deixou o cargo e Dilma agora é a presidenta. Nós trabalhamos com o Brasil, não com pessoas individualmente. Dilma tem demonstrado grande compromisso com a organização da Copa. Vemos a presidenta cada vez mais envolvida. Se você me pergunta qual a avaliação que faço sobre nossa relação com as pessoas no Brasil que participam do processo, digo que estou bastante feliz.  


Istoé -Muita gente diz que as exigências da Fifa para a Copa se chocam com a legislação brasileira. Qual sua opinião?JÉRÔME VALCKE -Acho que a maioria das questões que suscitaram polêmica já foi superada. As comissões negociadoras avançaram muito, a Lei Geral da Copa está no Congresso e o texto final deve ficar pronto na próxima semana. Por isso, não há mais por que falar em choque entre o Brasil e a Fifa.
 
Istoé -Recentemente, o sr. afirmou que o “Brasil não vai vencer a Fifa”. O que quis dizer com isso?  
JÉRÔME VALCKE -Foi uma provocação, dentro de um contexto. Muita gente falando, daí me perguntaram sobre quem venceria essa batalha. Disse que o Brasil não ia vencer a Fifa, nem a Fifa venceria o Brasil. Mas espero que o Brasil vença a seleção que disputar com ele a final da Copa.
 
Istoé -Quanto à proibição à venda de bebidas alcoólicas nos estádios, sabe-se que a Budweiser é um dos patrocinadores da Fifa. Como fica essa questão?
JÉRÔME VALCKE -Quero lembrar que a Budweiser é uma companhia brasileira, pois foi comprada pela Ambev. Acho que vamos chegar a um acordo sobre isso. Não achamos que a venda de bebidas promova a violência nos estádios. A segurança, aliás, é uma de nossas principais preocupações. Daí a necessidade de que as bebidas sejam vendidas em copos de papel ou plástico. É assim em estádios no mundo todo e nunca foi um problema. A Budweiser é um parceiro antigo da Fifa. Mas reitero que nossa preocupação não é com o lucro da venda da bebida. Não é por dinheiro que insistimos, mas pela certeza de que a venda de bebida alcoólica não aumenta a violência ou a insegurança nos estádios. 


Istoé -O sr. disse que a Fifa aceitaria meia, entrada para idosos e um preço mínimo de US$ 25 para estudantes, mas isso viola leis estaduais e federais. Como espera contornar esse problema? 
JÉRÔME VALCKE -Acho que chegamos a um acordo. Na primeira vez que fui questionado sobre isso, disse que a Fifa nunca violará uma lei federal e concordei com a meia-entrada para idosos. Sobre os demais grupos, como estudantes, abrimos uma discussão. O valor de US$ 25, a nosso ver, garante que todos possam assistir a todos os jogos.
 
Istoé -O sr. também disse que a Copa do Mundo é um investimento privado, mas o BNDES vai desembolsar R$ 6 bilhões para construir ou reformar estádios. Não é contraditório?
JÉRÔME VALCKE -Nunca disse que a Copa é um investimento privado. Mas nós não pedimos um só real ao Brasil. A Fifa, por sua conta, vai gastar ao menos US$ 1,2 bilhão com prêmios, transporte e acomodação das seleções, além de salários das equipes e de funcionários. O dinheiro que será investido pelo governo nas cidades e nos Estados é para melhorar o transporte, os aeroportos e as rodovias. Esse é um patrimônio do brasileiro. Quem ganha com a organização da Copa é o País, que atrairá mais turistas. O Brasil precisa desse desenvolvimento e a Copa do Mundo é uma forma de acelerar esse processo. 


Istoé -Em relação à Copa das Confederações em 2013, quatro cidades já foram escolhidas. Outras duas estão em aberto. São Paulo já está descartada?  
JÉRÔME VALCKE -Esse é um assunto que não está sendo discutido agora. A escolha das cidades será feita até junho de 2012. Estamos monitorando as obras nos estádios e até lá tomaremos uma decisão, mas São Paulo certamente não será sede da Copa das Confederações. 
 
Istoé -O ex-atacante Romário tornou-se um dos críticos mais ferozes à Fifa, que estaria preocupada apenas com o lucro, em detrimento da soberania brasileira. O que o sr. diz?
JÉRÔME VALCKE -Romário é um grande jogador e sua opinião deve ser respeitada. Vivemos numa democracia e temos que conviver com opiniões diferentes. Não tenho intenção de brigar com Romário, mas posso garantir que a Fifa nunca violará a soberania de um país. 


Istoé -Que impacto terá a crise econômica na Copa de 2014? 
JÉRÔME VALCKE -Hoje sabemos que o Brasil possui uma das economias mais fortes do mundo e está bem melhor do que países da Europa e os Estados Unidos. Logo, sofrerá muito menos os efeitos da crise.  
 
Istoé -Há algum risco de o Brasil perder o direito de sediar a Copa de 2014? 
JÉRÔME VALCKE - Não, não mesmo. Está tudo bem. Tudo dará certo. 

VEJA










 

 


Um comentário:

  1. A África do Sul realizou uma excelente Copa, agora o Brasil, Deus queira que não, mas, eu penso que vai decepcionar em todos os aspectos, inclusive não vai ser campeão que subiria para o hexa

    ResponderExcluir

O Blog Paredão do Povo agradece a sua participação, mas não se responsabiliza por comentários dos participantes dessa página.